Não, não vá. Te quero por perto.
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
Esmeralda
Não, não vá. Te quero por perto.
sábado, 29 de outubro de 2011
De Lucas Moura
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
no meu tempo...
Mariana, Iara e Esmeralda
Preferia quando era Iara, a moça de cabelos longos, morena, de olhos indígenas, de conhecimentos ancentrais. Sabia tudo da mata, dos espíritos, das facetas humanas. Conhecia o mundo, este e o outro. Não era bonita, mas era simpática, e sua simpatia era diferente. Não chamava atenção, mas mesmo assim, chamava atenção.
Quando Mariana era Iara, era uma pessoa melhor. Sabia dar conselhos, sabia o que falar, não tinha medo dos 'homens brancos'. Quem viesse, levava. Quem falasse, ouvia. Mesmo assim, poucas eram as que ficavam com raiva. Elas ficavam felizes com seu conhecimento. Era interessante, não era bonita, mas era interessante.
Esmeralda, essa era o problema de Mariana. Quando ela vinha, vinha com tudo. Era uma moça caliente, insinuante, gostava de muita maquilagem, muita bebida, muito sexo. Tudo muito. Sem pudores, sem problemas. Os homens gostavam dela. E ela gostava dos homens, e gostava mais de si mesma.
Parecia uma cigana. Dançava em frente aos outros com a intenção de chamar atenção. Pedia atenção. E tinha atenção. Seus movimentos eram de extrema elegância, era uma expert em atrair olhares. Sua boca, sempre vermelha e em formato de coração, chamavam os homens. E eles iam, sempre iam.
No final das contas, quem é Mariana? Ela não sabia. Não era ninguém. Eram três. Era nenhuma
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
A cantora
terça-feira, 25 de outubro de 2011
do cigarro
-Você me trocou por um analfabeto.
Até que um dia, o excesso de atividades dela começou a incomodá-lo. Por que você faz tantas coisas? E a resposta? Ora, eu aprendi a viver sem você.
Passada a raiva, ele lembrou-se de todas as vezes que a fez chorar, que desligou o telefone na cara dela, que a chamou de palavrões, quantas alianças eles tiveram que refazer porque ele ou as perdia, ou jogava-as fora? Imagine, aquele caso que teve com a melhor amiga dela. Como ela sofreu.
-Fui um calhorda! Eu mereço tudo isso
E foi assim, calmamente, que ele percebeu que seu cigarro já havia apagado.
dos amores
Ontem revi meu grande amor. Foi como um chamado. Uma ligação. Um projeto inacapado que veio direto a mim. Sem avisos. Reencontrei-o, vibrei. E pensei que aquela paixão que estava esquecida tinha acabado. Meu Deus, é o amor da minha vida. Não acaba nunca!
Vibramos como se fôssemos um. Éramos um. Fomos um por aquelas duas horas maravilhosas. Em que suei. Nossa, ele sempre me faz transpirar, o ar fica úmido. As coisas ficam embebecidas. E a música, ah, a nossa música era o que mais me fazia falta.
Esse amor se chama ballet. Voltei ontem a dançar. Tenho que perder cinco kg em quinze dias, mas estou tão feliz como só eu posso estar. Adoro os calos, os machucados, os arranhões. E principalmente, adoro a dança!
terça-feira, 18 de outubro de 2011
devaneando
Já falei que o velho deveria ter um pequeno pedaço de terra doado a muito custo pelo INCRA? Não? Pois é, ele tinha um pedaço de terra doado a muito custo pelo Incra. Isso tudo depois de ter ficado em frente ao estabelecimento por dois dias. Dois dias comendo feijão com arroz frio. Sem ter onde tomar banho.
Você já percebeu que você acha que tem problemas demais? Os seus problemas são sempre maiores. Quando eu olhava pra aquele velho, imaginando sua vida pacata, louca para mim, pensei em quanto joguei fora meu tempo pensando que as minhas prioridades eram maiores prioridades que os outros.
Aí, quando o velho já tinha passado, eu percebi o quanto eu era mesquinha, e o quanto as pessoas ao redor são mesquinhas. Você já pensou que tem alguém pior que você e que você não faz nada pra ajudar?
terça-feira, 11 de outubro de 2011
da merda da mudança
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
dos encontros
Ele passou mal. "solavancos me dão náuseas". Ela tinha um comprimido qualquer na bolsa. Ajudou. E riram, durante toda o resto de trajeto.
- A que horas saí seu ônibus?
- Só daqui a dez horas. Ficarei aqui sem fazer nada.
- O meu saí daqui a onze. Ainda ficarei por uma hora sozinha.
E começaram. Conversaram sobre a vida, sobre o casamento dos pais. "Meu pai casou de pijamas", ela disse. "Os meus são conservadores demais. Casaram na igreja, com padre, vizinhos, familiares. Minha avó chorando, coisas do tipo", foi a resposta dele. Ela sentiu inveja. Às vezes, quase sempre, sentia vontade de ter pais normais.
E conversavam. A chuva ameaçou cair, tempo pesado. Mas ela quis passear. Ele também. Aquele lance de tomar banho de chuva que lava a alma. Como a alma dela precisava ser lavada! E ele nem sabia, mas a dele também estava suja.
Correram pela chuva como se fosse a coisa mais normal do mundo. As pessoas olhavam, assustadas. Algumas riam, já que era a tão estranho ver um casal seguindo de mãos dadas embaixo de toda aquela água. Sim, as mãos ficaram dadas. Nem perceberam quando isso aconteceu, mas parecia que suas mãos foram feitas uma para a outra.
"Você me faz rir", ela disse. "E você me faz chorar". "Por que?" "Por que eu não quero sair daqui. Por sua causa, por você." Ora, não deviam pensar naquilo agora. Que esperassem um pouco antes do desespero.
De cara souberam a vida um do outro. Ele, advogado formado. Viagem de negócios. Ela era sociológa, estudava religiões. Eram tão diferentes e tão iguais ao mesmo tempo que assustava. Tudo nele assustava. Tudo nela assustava.
O tempo passou, mas as mãos não se largaram. Em dez horas estavam apaixonados. Sabiam que se continuassem ali por mais três minutos, três horas, melhor pensando, estariam grudados pra sempre. Como uma canção de blues que não se acaba. Como se pudessem fugir para algum lugar e casar, largando tudo, fazendo os pais do garoto cairem de susto e os pais dela morrerem de rir.
A chuva parou. Sentaram em um banco. E um jovem com um saxofone começou a tocar As time goes by. "É minha música favorita", ele disse. Ela sabia, de alguma forma, que ele ia fazer esse comentário, porque também era a música favorita dela. A música que embalou várias noites de insônia enquanto ela imaginava alguém em um bar qualquer.
Faltava meia hora. Maldita meia hora. Ela não segurou o choro, nem ele. Parecia que tinham vivido um século juntos, e que a hora da separação não iria chegar. Como quando vivemos ao lado de alguém por tanto tempo que não imaginamos que ela vai morrer. E as pessoas, ah, essas sempre morrem, mesmo quando estão vivas.
Ela o viu entrar no ônibus. Chorou. Ele chorou. As mãos grudadas pelo vidro. "Não te esquecerei". Por quê? "porque você me marcou".
Certas pessoas aparecem nas nossas vidas por apenas um dia. E é o suficiente. São pessoas tão marcantes que não precisam mais que isso para fixarem seu pedaço de consciência em nossas memórias. São pessoas tão bonitas que você tem certeza que vai contar aos seus netos do momento que as conheceu. E é ruim quando acontece isso. Talvez bom, mas sempre ruim.
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
do rock in rio
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
da crônica de um amor louco
Achei o primeiro volume da obra Ereções, Ejaculações e Exibicionismos bem melhor que o segundo. Sim, eu e essa mania de ler o segundo antes do primeiro. Bukowski me domina. Velho tarado dos infernos. Ele devia ser uma loucura. Estar com ele devia ser um loucura. Dizendo que, tipo, carteiro, filho da puta, não tinha onde cair morto - vivo, morto a gente cai em qualquer lugar - e punheteiro de uma figa.
Adoro o jeito simples e direto que ele escreve. E vamos rir. Identifiquei-me, de cara, com a primeira crônica. A da índia. Só que eu não me chamo Cass nem - de longe - sou a mulher mais bonita da cidade. Mas deixa eu me identificar com quem eu quiser porque eu fico feliz.
E já que to curtindo essa onda beat da literatura, vou ler On the road. E fiquem calados, o pessoal aí de casa, porque eu quero ler.
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
E o risco é grande. Ultimamente descobri que olho grande é algo assustador. Às vezes as pessoas que te rodeiam estão tão carregadas, ou tão mal-amadas, que não conseguem sentir felicidade na sua felicidade. Isso é comum. Ou elas sentem raiva de você por alguma característica que lhe é sua, ou por algo que você tem. Dizem que as crianças, logo que nascem, ficam doentes quando mulheres olham pra elas com o desejo de tê-las. Quebranto, eu acho que é o nome. Não me interessa agora, mas me assusta.
Nessas horas a gente tem que segurar na balança da vida e não cair. Tentar não cair. É um lance muito esquisito. Você tem amigos bons, você tem família, mas parece que ainda tem algo por vir que não completa. Não, minha gente, não quero ter filhos (mateus, não se preocupe). Quero algo. Quero lembranças boas. Quero fazer lembranças boas.
Vai entender essa mente
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
das peças que a vida prega
Ela relembrou também das dúvidas. Quando valorizava os conhecimentos acadêmicos aos empíricos. Em tão pouco tempo ela percebeu uma diferença tão imensa nela, e nele. Nele, principalmente nele. Ele já consegue dizer que ama. Ao invés de dizer "que porra é essa?".
Essa porra é amor! E quando eu estou com os olhos que riem, e quando os olhos que riem estão com a índia, a porra do amor é visível.
PS: O amor sempre acaba em porra, mesmo, né?
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
das coincidências
do inferno astral
Olha, se tem uma coisa que eu tenho absoluta certeza é que existe esse tal inferno astral. E se tem uma pessoa ao seu lado próxima a fazer aniversário, cuidado! Porque inferno astral, pega!
É urucubaca que não tem fim. Sabe aquele dinheiro que você tinha contado? O banco "come" sem explicação. Sabe aquela briga sem motivo, que envolve sua mãe, sua tia, sua irmã, sua vizinha, a empregada e, por tabela, a vizinha da empregada? Pois sim, ela vai acontecer. Fique atento.
Falo isso porque sou uma das pessoas que sofrem com as outras. Tudo o que tinha pra dar errado pra alguém próximo a você, vai dar errado com você também.
Mas (sempre o mas), se você está passando pela mesma situação que eu no atual momento, não se desespere. Não, não adianta saltar do meio-fio à espera de que o suicídio aconteça. Papel higiênico também não é a melhor dica para se matar. Acredite que, se você também está vivendo o irferno astral por tabela, é porque você está ligado de tal forma a alguém que vocês se tornaram uma, olha que lindo!
Mentira! Você tá nessa pendenga porque merece mesmo. Ora porra de ligação com outra pessoa!
terça-feira, 13 de setembro de 2011
das recordações
ela lembrou daquela vez que eles cantaram "um elefante incomoda muita gente" até o número 50. de quando fez tanto frio na cidade que eles brincavam de soltar fumaça. "-é uma reação entre o ar quente e o ar frio". "-eu sei, sandoval, eu sei!". Ele sempre pensava que era mais inteligente que ela. e ela acreditava.
teve aquela vez que eles foram ao velório da vizinha dela. "-eleanor, nosso primeiro evento social é um velório" e riram na frente dos outros.
depois de tanto relembrar, ela percebeu que não sentia saudade de nada... pela primeira vez, fez questão de rir. agradecia a presença que ele teve, mas agora, agora já não era nada. e ser nada às vezes é tudo
terça-feira, 6 de setembro de 2011
do idiota
penso que às vezes confiamos demais, e confiança demais, assim como qualquer coisa "demais", é prejudicial. é prejudicial quando você confia muito de suas lembranças a alguém, é prejudicial quando você acredita em eternidade. tudo é prejudicial.
no mais, é como diz a senhora minha mãe (que Deus sabe que tem me tirado um pouco a paciência nos últimos dias), não Anne, ninguém é amigo de ninguém. inclusive eu.
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
da humildade
nós sempre erramos. não adianta. ninguém é impassível de erros. eu erro, você erra, sua mãe erra e, acredite se quiser, sua vozinha de noventa anos já errou um dia (agora ela não erra mais porque ela já tem mais conhecimento da vida), por falar em avós, Deus sabe como a minha errou, mas isso não vem ao caso.
é interessante ver os erros que cometemos. quero dizer, é interessante quando nós nos damos conta que erramos e assumimos isso. o ser humano tem a tendência de se achar superior. sério! eu não erro, só você que erra. não é assim que você pensa na maioria das vezes?
saber pedir desculpas é difícil, mas é uma dádiva. dizer que sabe o quanto errou, que oi? desculpa por ter publicado uma coisa, ok, desculpa por ter falado aquilo; é muito ruim. há quem diga que é um sentimento de derrota. eu não acho. cada vez que erro, eu percebo o quanto sou humana, o quanto preciso de uma auto-avaliação, o quanto sou, afinal de contas, normal.
não ser normal, pelo menos na minha concepção, é não errar. apesar de tentar ser, não consigo ser Jesus Cristo. Ele não errou, eu erro e ponto final. mas, é como conversamos ontem, cabelos loiros, o importante é não perder o respeito. eu perdi o respeito, você perdeu o respeito. e quando nós perdemos o respeito, aí velho, já era. se alguém tinha razão, ela já caiu por terra.
no mais, termino com uma frase de um livro do Dostoiévski (sim, olhos amendoados, ele é o cara! obrigada por me apresentá-lo) "Não deve nunca interpretar as coisas parcialmente e tampouco julgar a alma de um homem (...). A gente sempre, em lugar de só querer ver a verdade exata com intuito de julgar direito, acaba mais é cometendo injustiças por falta de ternura e caridade".
Sentiu essa. No mais, digo que sigamos com respeito, que não o perdamos. ele é importante, sério. sem picuinhas, sem fofocas, não estamos mais na terceira série. me perdoe. eu te perdôo.
terça-feira, 30 de agosto de 2011
do suicídio
você com certeza já pensou na idéia. sempre que temos um problema, pensamos em como seria se, afinal de contas, déssemos um fim em tudo, de uma vez, sem pensar em família, sem pensar no amanhã, só em dar um fim. covardia não enfrentar os problemas.
mas, e quanto a matar a pessoa mais importante da sua vida? você mata, de fato, a única pessoa que o interessa. nós nunca amamos ninguém mais do que a nós mesmos. é verdade. mesmo quando dizem que "ah, você tem que se amar, não corra mais atrás de tal pessoa", você está, na verdade, fazendo algo por você. correr atrás de uma pessoa não significa que você a ama mais do que a você mesmo, significa que você se sente tão bem com aquele indíviduo que não quer que ele suma da sua vida. No final, você se ama.
matar a única pessoa que importa na sua vida é um ato de coragem. de desespero também, mas principalmente de coragem. depois do episódio, olho para as pessoas ao meu redor e me pergunto se elas seriam corajosas a esse ponto. ou covardes a esse ponto.
sábado, 27 de agosto de 2011
ainda dos olhos
ela encarava aqueles olhos rasgados. era uma mistura nipônica com saxônicos. ela não sabia. mas eram lindos, como eram lindos!
você não sabe como é linda, índia. era o que ela ouvia. e ela sabia que não era assim tão bela, nunca fora tão bela. no máximo lia alguns livros a mais que a média, dançava bem, se expressava bem, mas bonita, bonita de fato, não era. eu sei que não sou, mas gosto quando você mente dizendo que sou
mas os olhos dele eram machadianos, eram a janela da alma. refletiam o que ele pensava. e ela conseguia perceber que, de fato, ele a achava linda! e ela se sentia linda. como se fosse a mulher mais linda do mundo, como se não tivesse aquela cicatriz feia na bochecha e como se nunca tivesse passado por nenhuma crise de pânico que lhe fizera cortar as pernas. era linda!
do recalque
estive pensando, ultimamente, que algumas pessoas têm tanta raiva de si mesmo que têm a necessidade de transferir esse sentimento a alguém. seja aquele que tenta fazer graça, seja aquele que não está tão gordo quanto pensa, seja aquele que tenta se aproximar.
um conselho que eu dou a alguns de vocês, se é que me entendem, é que não tenham palavras ruins na boca. se tem uma coisa que aprendi com o espiritismo é que as palavras que você solta têm um peso. ok, quem sou eu pra falar de rancor, ou algo do tipo, mas não fale mal dos outros apenas pela vontade de falar mal dos outros. tenha pelo menos um motivo. inteligente, conciso.
saiba pedir desculpas por aquilo que você sabe que cometeu de errado. reavalie sua vida, seus pensamentos. que loucura é essa de pensar que as pessoas têm de odiar as outras? que loucura é essa de você tentar fazer alguém odiar outra pessoa pelo simples fato de fazer com que uma pessoa se sinta sozinha? que raio de cristianismo é esse que tem na sua cabeça loira pintada que não te deixar perceber que o que você tá fazendo é baixo? é mesquinho?
falar mal só por falar mal não é bacana. se você sente recalque, pinte seu cabelo de preto e puxe seus olhos.
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
Da mediocridade
Nunca fora um bom filho. Quando o pai morreu, estavam brigados. Por ser mais escuro que os familiares, achava que a mãe traíra o pai, ou que era adotado. Não aceitava suas feições, não aceitava sua família. Não aceitava nada.
Tornou-se um bom profissional. Afinal de contas, quem não tem muito amor no coração tem que pensar em outras coisas que não sejam do coração. Tornou-se um bom engenheiro. Florestal. Gostava de florestas. Talvez por sua ascendência indígena sentia proximidade mais com as plantas que com pessoas.
Até que um dia apaixonou-se. A mulher era dois anos mais velha, mas não importava. Era ela que ele queria, com ela teria seu filho. Ele sempre quis um filho, um garotinho, para brincar de futebol e dizer aos outros que era seu. Apesar dos problemas com seus próprios pais, ele acreditava que seria um bom pai.
Não veio um menino, e sim, uma garotinha, que muito se parecia com ele. “Pelo menos eu posso saber que é minha”, disse ele, irritado. Teve de aprender a gostar de coisas de garotas, de cores femininas.
“Meu Deus, ela já menstruou?”, foi o que pensou quando sua mulher lhe trouxera a notícia de que, afinal, a menininha virou uma mulher. E a filha já trazia traços de mulher. “Mas o que fiz, Deus? Mal me acostumei a brincar com ela”. O tempo passara e ele nem percebera.
Até que um dia ele descobriu que não amava mais a família. Amava uma garota que quase tinha a idade de sua filha. Por mais que a menina implorasse sua compaixão pela família, que pelo amor de Deus, ele ficasse em casa “eu ficarei sozinha, pai, não me deixe sozinha”, ele não se compadeceu. “não, não os amo mais. Nunca quis ter uma filha mesmo, sua mãe não prestou nem para me dar um homem”.
Saiu de casa. Viveu três meses de muito prazer, muitos sentimentos libidinosos, muitas aventuras sexuais. A nova mulher não tinha lá muito escrúpulos e, assim que pôde, ligou para a filha do homem para que ela pudesse ouvi-los durante o ato. A filha se matou logo em seguida.
“A culpa foi minha”, pensou . Não havia mais o que fazer. Ele percebeu o quanto amara aquela criaturinha que nunca foi o que ele queria. A depressão lhe viera logo em seguida, como um corvo que procura destruir plantações. E a nova mulher partiu. Ele estava só, apenas com seus pensamentos. Veio-lhe à lembrança todas as vezes que brigara com seu próprio pai sem motivo algum, quando acusava a mãe de trair a família. Quando dissera “não” à sua pequena filha. Quando abandonara a família. “Não passo de um idiota”.
E viveu assim, durante o resto de sua vida. Quase que celebrava sua mediocridade. De quando em quando fazia um amigo. Até que um dia, um dia que mudaria sua vida, um velho senhor sentou à mesa do bar em que bebia o segundo copo de destilado e disse-lhe: “é meu, caro, quem semeia ventos colhe tempestade”. Não conhecia o velho, mas conhecia o ditado, e pensou que ele nunca fora tão bem colocado.
E então, sem mais nada pela frente, ele pensou: “Talvez um dia as pessoas me perdoem, talvez um dia eu me perdoe”.
E foi assim, tão sem ideias, que ele morreu.
terça-feira, 23 de agosto de 2011
do recomeço
recomecei. novas e velhas pessoas voltam à tona em minha vida, fazendo-me rir, chorar, brincar. os olhos que riem ainda estão ao meu lado. e isso é o que importa.
o recomeço dá uma idéia de... oi? recomeço. bom saber que o mundo te dá esse direito. de simplesmente fingir que certas coisas não aconteceram, que foi um sonho ruim que acabou. acordei. acordamos.
inteligente essa coisa de acordar de uma vida que você já está acordada, né?
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
das mãos
FACULDADES, LIVROS DE AUTORES DE NOMES COMPLICADOS OU PALAVRAS DIFÍCEIS não são tudo! viver, saber viver, sozinho ou com alguém são os verdadeiros diplomas. pouco importa o quão qualificado seja ou se vai salvar vidas. há um quê de egoísmo no que falo, o importante é que salve a minha vida.
há um tempo em que me importava em estar ao lado de pessoas que sabiam conversar, quando percebi que a melhor conversa é aquela que não precisa falar nada. a conversa dos olhos, principalmente dos olhos que riem. a boca não precisa rir, os olhos sim.
não precisa de muita coisa, nem de muitos diplomas, nem de muitos cursos. precisa apenas que suas mãos combinem com as minhas.
domingo, 21 de agosto de 2011
sobre nomes bíblicos
quinta-feira, 5 de maio de 2011
Sobre mudanças
sexta-feira, 8 de abril de 2011
sobre tudo II
não sei muito bem o que esperar, ou se devo esperar algo. só quero seguir em frente. acho que já estou seguindo em frente, seguir em frente às vezes é bom. aproveite a vida, minha filha, você é nova, não faça como eu. foi o que disse minha mãe.
pela primeira vez em minha vou seguir o conselho de mamãe. ela é meio maluca, mas vou tentar.
segunda-feira, 21 de março de 2011
sobre tudo
Tenho pensado em várias coisas ultimamente, e ao mesmo tempo. Tudo se passa e parece que eu não consigo fazer nada. E de alguma forma, as coisas têm me deixado extremamente nervosa.
Nos últimos tempos, conheci pessoas que mudaram minha vida, de certa forma. Adaptações são difíceis e ainda estou me acostumando a companhia dessas pessoas, ou até me acostumando ao fato de elas darem, enfim, palpite a minha vida.
Palpitar é muito difícil. A gente sempre pensa que a vida dos outros é mais fácil de ser analisada e sempre temos uma opinião para dar.
Sigo, assim, dando opiniões
quinta-feira, 17 de março de 2011
da mudança
domingo, 20 de fevereiro de 2011
“Ele está chegando!”
A ansiedade era imensa. Desde criança imaginava esse encontro, embora soubesse, em seu íntimo, que a possibilidade de ele se realizar seria mínima. Mas, enfim, por alguma razão do destino, ela iria vê-lo.
O encontro com o ídolo seria ao meio dia. Meio dia? Sim, meio-dia. Ela iria busca-lo no aeroporto. “-Cheguei ao cúmulo! Essas fãs que ficam esperando e gritando pelo cantor preferido no aeroporto são ridículas”. E no final das contas, ria de si mesma. “-Cá estou eu, ridicularizando a mim mesma.”
Não se importava. Iria ver a pessoa que cantava seus sentimentos desde a infância. E, mesmo imaginando todas as palavras que poderia falar ao ídolo, mesmo ensaiando o que diria se tivesse a possibilidade de encontra-lo, não sabia o que falar. Era apenas mais uma fã enlouquecida pela chance de vê-lo de perto.
Ele chegava. “-engordou alguns quilos, mas ainda é bonito!”, foi o que ela pensou à primeira vista. Decidiu não gritar como os outros fãs faziam. “-Sei que ele não gosta de fãs assim, ele é quieto!”. Ficou encolhida, esperando os repórteres saírem de perto. “-talvez eu tenha a chance de falar-lhe algo!”
Os jornalistas fizeram sua pequena entrevista, e ela esperava. Quando o ídolo ia sentar para, finalmente, almoçar, decidiu. Decidiu não, foi empurrada! Por sorte, o fotógrafo oficial do jornal era seu amigo. “-Vá lá, realize seu sonho!”, foi o que ela ouviu. E, na sorte, e digamos que até na malandragem, foi atrás.
“-Posso tirar uma foto com você?”, disse ela, timidamente. “-Claro!”, respondeu o cantor, puxando a fã para dar os dois beijinhos no rosto de cumprimento. Ao sentir pousar a mão dele em seu ombro, ela pensou que desmaiaria. “Por favor, não vomite agora!”.
Foto tirada. Ela acrescentou: “-faça um bom show, amanhã!”. O ídolo respondeu: “Sim, obrigado Espero por você lá!”
No final das contas, ela sabia que ele não iria mais lembrar as feições dela. Mas ela recordaria aquele momento como um dos mais especiais de sua vida. Conquistar os menores sonhos, aqueles que poderiam até ser considerados bobos, é apenas o primeiro degrau que nos dá apoio para conquistar os maiores.
“Esse foi apenas o primeiro!”, pensou ela, fortalecida.
**texto feito sobre o meu encontro com Andre Matos