segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Esmeralda


Não, não vá. Te quero por perto.

Esmeralda não sabia quem queria por perto. Roberto? Leandro? Algumas outras letras do alfabeto para completar sua coleção de amantes? Sei lá. Ela queria alguém.

No fim das contas, Esmeralda não passava de uma solitária. Amava a todos, não amava ninguém. Nem quando fugiu de casa aos quatorze. Nunca soube o que é amor.

Talvez a maquiagem escondesse sua tristeza. Talvez seus atos libidinosos escondessem sua infância roubada. Talvez... talvez tanta coisa? Talvez apenas existisse porque Deus, num de seus lapsos de erro, a fez. Se é que Deus erra.

Não queria pensar em ninguém. Pensava que amava a si mesma, mas não, não amava nada. Era incapaz de amar. Essa era a verdade. Desde que... desde não lembrava quando.

Sua mãe era prostituta de nascença, logo, seu pai lhe era um desconhecido. Quem sabe não foi pra cama numa de suas noites de trabalho e nem o reconheceu. E sua mãe? Bom, foi com ela que aprendeu a arte de se doar. Seu primeiro conhecimento foi sobre o que fazer para os homens enlouquecerem. Ela tinha apenas 8 anos.

A mãe a ensinou demais. Como deveria se portar diante de um homem, como dançar, como esperar um pouco, para que ele aguente um pouco mais antes de atingir o ápice. O ápice que ela tanto procurou, ela nunca sentiu.

Até quando, Esmeralda, até quando você vai deixar que as pessoas te usem?

sábado, 29 de outubro de 2011

De Lucas Moura

Nenhum Dom está preparado para este mundo.
Os olhos de quem repudia os passos incertos
Não permitem com a cegueira que Eles existam...

O negro é belo, existe mais dele que luz no universo.

E num ritmo talvez de dança você o entenderá,
Saberá que é preciso caminhar também na sombra.
É mais que fazer-se cena de um palco-mundo.
É o que celebram: a morte do cisne negro.

Alegrias aprisionadas nos olhares de outrem.
Toda graça e compasso pedindo melodia lá fora,
E o cisne se debate sem encher a força própria.

Falo de minha cumplicidade aqui na platéia,
Em aplaudir, admirar e entender o espetáculo.
E também de quando concordei com o público
Para que não fôssemos apedrejados juntos.


Para Anne Moura, a bailarina sençoal.

http://inteclavel.blogspot.com/2011/10/cisne-negro.html
Link:

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

no meu tempo...

ela sentia saudade. não sabia o quanto, não sabia o máximo, só sabia que estava muito apaixonada, a ponto de beber. imagine eu, beber? nunca bebi na minha vida. então, o que eu estou fazendo com esse copo de vodca aqui do meu lado?

ele era de todo lindo, mais novo, incrivelmente mais novo. imagine uma balzaquiana apaixonada por um surfista. não existe, não tem cabimento. mas ele, ele a encantava de todas as formas. no meu tempo eu não era tão esperta. ele é muito mais inteligente que eu? meu Deus, será que estou ficando burra? depois dos 30?

ela não passava, como já disse anteriormente, de uma balzaquiana. cabelos curtos, compridos. adorava seus cabelos, era o que tinha de melhor. pelo menos era o que ela achava.

você mora longe. não quero me prender a você, adeus.

Ela tomou mais um gole, e seguiu. o que fazer? esses jovens de hoje em dia... no meu tempo....

Mariana, Iara e Esmeralda


Mariana de batismo. Mas nunca era Mariana. Pouco era Mariana. Quem era Mariana? Nem Mariana sabia.

Preferia quando era Iara, a moça de cabelos longos, morena, de olhos indígenas, de conhecimentos ancentrais. Sabia tudo da mata, dos espíritos, das facetas humanas. Conhecia o mundo, este e o outro. Não era bonita, mas era simpática, e sua simpatia era diferente. Não chamava atenção, mas mesmo assim, chamava atenção.

Quando Mariana era Iara, era uma pessoa melhor. Sabia dar conselhos, sabia o que falar, não tinha medo dos 'homens brancos'. Quem viesse, levava. Quem falasse, ouvia. Mesmo assim, poucas eram as que ficavam com raiva. Elas ficavam felizes com seu conhecimento. Era interessante, não era bonita, mas era interessante.

Esmeralda, essa era o problema de Mariana. Quando ela vinha, vinha com tudo. Era uma moça caliente, insinuante, gostava de muita maquilagem, muita bebida, muito sexo. Tudo muito. Sem pudores, sem problemas. Os homens gostavam dela. E ela gostava dos homens, e gostava mais de si mesma.

Parecia uma cigana. Dançava em frente aos outros com a intenção de chamar atenção. Pedia atenção. E tinha atenção. Seus movimentos eram de extrema elegância, era uma expert em atrair olhares. Sua boca, sempre vermelha e em formato de coração, chamavam os homens. E eles iam, sempre iam.

No final das contas, quem é Mariana? Ela não sabia. Não era ninguém. Eram três. Era nenhuma

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A cantora

Nunca passara despercebida. Nem quando adolescente, nem quando criança, e agora, muito menos, quando mulher. Era de se admirar. Sorriso cativante, corpo franzino, como de uma criança. Alma de adulta.

Ela gostava de todos. E de muitas coisas, ao mesmo tempo. Tinha talento pra tudo, bom, quase tudo, ninguém tem talento pra tudo. Mas ela conseguia atrair a atenção apenas enquanto caminhava. Seu caminhar, seu andar, seu corpo, suas mãos, tudo parecia estar em perfeita sintonia com o universo.

Mas foi quando ela cantou que mais me impressionou. Digo isso porque, admitindo nossa falha em julgar as pessoas pelo físico, nunca imaginava que aquele corpo pequeno teria uma voz tão cativante. Linda. A sensação que senti foi de pura clareza. Segurei as lágrimas que me vieram aos olhos porque sabia que estava em local público, mas por dentro, ah, por dentro eu chorava de emoção.

Ela, que já atraía pelo caminhar, chamava ainda mais atenção no palco. Quantas pessoas na platéia? Uma? Duas? Cem? Não importa. Ela estava sozinha com seu violão, uma pequena solitária que tinha aos pés quem a ouvisse. E não importava a canção, sempre conseguia cativar de forma incrível.

A cantora me impressionava a cada conversa. Cada dia me mostrava uma de suas facetas, personalidades, conversas sérias e até mesmo libidinosas. Como era linda! Seus olhos, como seus olhos eram expressivos. Eu me apaixonei. Não por ela, não de forma carnal. Espiritualmente falando, ela me atraía a alma.

E foi assim, que a menina-mulher-cantora me cativou. Cada dia com um jeito, uma novidade. Ela nunca é tediosa. Sabe se portar em cada ocasião. E é incrível como hoje, eu penso nela com tanto carinho e respeito. Quero ser como ela. Quero ser ela!

terça-feira, 25 de outubro de 2011

do cigarro


-Você me trocou por um analfabeto.

Ele se sentia um lixo. Ora, era letrado, o que ela tinha que fazer com alguém que julgava-se mal saber escrever, ler, conversar? O que ela via naquele ser que mais parecia um homem das cavernas, com sua barba por fazer? Não era visível que ele não queria mais que uma noite com ela?

Sentou-se do lado de fora da casa e fumou um cigarro. Desejava uma taça de vinho, ler alguma coisa que o fizesse entender. Pensar em algo inteligente para acabar com aquela história toda. Mostrar que ela estava errada.

Veio-lhe à mente, na metade do cigarro, o que ele fizera nos últimos dez anos. Fora um casamento de idas e vindas. Ela sempre fora muito ciumenta, gostava de demonstrar seu amor e de sentir amor. Ele era um desses homens que não demonstravam. Não precisamos demonstrar amor, basta que o vivamos, era o que dizia sempre quando ela estava aos prantos, rogando por um momento de atenção. Ela só queria que ele dissesse que a amava.

Em parte estava certo. Ela nunca vivia esse amor, sempre dizia que sentia falta. Nos primeiros quatro anos, ele reclamava. Depois de uma separação, ele sentiu a falta. Ela era uma artista na cama. E ele, ele era um homem comum, com desejos, vontades, instintos. Pediu para reatar. Ela aceitou, meio indiferente.

A indiferença dela no início fora uma dádiva. Oh, graças a Deus ela não me liga tanto, ela está mais confiante em si mesma. Ah, ela tem outras atividades. Nossa, ela está trabalhando? Quem diria. Academia? Pra ficar mais bonita pra mim, só pode!

Até que um dia, o excesso de atividades dela começou a incomodá-lo. Por que você faz tantas coisas? E a resposta? Ora, eu aprendi a viver sem você.

Passada a raiva, ele lembrou-se de todas as vezes que a fez chorar, que desligou o telefone na cara dela, que a chamou de palavrões, quantas alianças eles tiveram que refazer porque ele ou as perdia, ou jogava-as fora? Imagine, aquele caso que teve com a melhor amiga dela. Como ela sofreu.

-Fui um calhorda! Eu mereço tudo isso

E foi assim, calmamente, que ele percebeu que seu cigarro já havia apagado.

dos amores


Meus amores atendem por vários nomes. Os que eu tive, os que eu tenho, O que eu tenho, os que terei, se os tiver. Nomes interessantes, vejam só. De várias nacionalidades e tipos. Os bíblicos (sempre os bíblicos), os chineses, os franceses, os espanhóis (sempre muito amáveis). Tenho vários amores. Tenho um grande amor.

Ontem revi meu grande amor. Foi como um chamado. Uma ligação. Um projeto inacapado que veio direto a mim. Sem avisos. Reencontrei-o, vibrei. E pensei que aquela paixão que estava esquecida tinha acabado. Meu Deus, é o amor da minha vida. Não acaba nunca!

Vibramos como se fôssemos um. Éramos um. Fomos um por aquelas duas horas maravilhosas. Em que suei. Nossa, ele sempre me faz transpirar, o ar fica úmido. As coisas ficam embebecidas. E a música, ah, a nossa música era o que mais me fazia falta.

Esse amor se chama ballet. Voltei ontem a dançar. Tenho que perder cinco kg em quinze dias, mas estou tão feliz como só eu posso estar. Adoro os calos, os machucados, os arranhões. E principalmente, adoro a dança!

terça-feira, 18 de outubro de 2011

devaneando


Enquanto eu estava em frente ao meu trabalho, descansando um pouco, pensando no que devo fazer ou deixar de fazer, passou um senhor que me chamou atenção. Ele era alto, lá pelos seus setenta anos de idade, com um chapéu de palha.

Ok. Imaginei como seria a vida dele. Não tenho lá o direito de imaginar a vida de alguém mas decidi ir em frente. Talvez ele fosse um senhor sofrido, o ar não escondia. As roupas amarrotadas mostravam que, no mínimo, ele já fora muito injustiçado.

Devia ter alguns filhos. Contei cinco em minha cabeça. Cinco filhos. Um trabalhava na roça, a outra devia ter mais cinco filhos. Um deveria ser carpinteiro, ou jardineiro. O que se dera bem hoje devia ser funcionário público, mas este, ah, este não ligava muito para o pai. Decidira viver sem que tivesse vida passada.

A mais nova ainda não tinha idade para morar só. Mas já contava com um futuro amante. Ajudava em casa, ajudava a mãe, cuidava dos cachorros e da comida. Da pouca comida. Todo dia era só feijão com arroz. Feijão com arroz. Feijão, feijão. Arroz, Arroz.

Já falei que o velho deveria ter um pequeno pedaço de terra doado a muito custo pelo INCRA? Não? Pois é, ele tinha um pedaço de terra doado a muito custo pelo Incra. Isso tudo depois de ter ficado em frente ao estabelecimento por dois dias. Dois dias comendo feijão com arroz frio. Sem ter onde tomar banho.

Você já percebeu que você acha que tem problemas demais? Os seus problemas são sempre maiores. Quando eu olhava pra aquele velho, imaginando sua vida pacata, louca para mim, pensei em quanto joguei fora meu tempo pensando que as minhas prioridades eram maiores prioridades que os outros.

Aí, quando o velho já tinha passado, eu percebi o quanto eu era mesquinha, e o quanto as pessoas ao redor são mesquinhas. Você já pensou que tem alguém pior que você e que você não faz nada pra ajudar?

terça-feira, 11 de outubro de 2011

da merda da mudança


A vida muda. Uma simples piscadela traz à tona muita coisa. Simples assim. Você tem que se readaptar, se reaproximar, se afastar, se reinventar. Mudança, mudança, mudança.

Aquela mesmíssima história de que a vida inteira muda em um dia. UMA PORRA DE UM DIA! Quando você vê, já foi. Agora é seguir adiante. Quando você não quer mudar é que é foda. Muito, mas muito foda.

Você demora uma vida pra se adaptar ao que você é hoje, quando vem algo e muda tudo. MUDA TUDO! Tudo o que você planejou, caro colega, foi por água abaixo. Lá vem você, procurando coisas, procurando casa, procurando uma nova vida. Porque a tua vida antiga já era. Já passou. E você, você se fodeu bonito.

É você se deixa levar. Fazer o quê? Tentar se matar com um rolo de papel higiênico? se jogar do meio fio? tentar se afogar numa poça de lama? Não, meu amigo, você é obrigado a seguir em frente.

Não te pediram autorização pra te mudarem a vida. Simplesmente mudaram. Assim. Como se fosse a coisa mais normal do mundo e como se não existisse um coração batendo aqui dentro. Porque o meu bate, até porque tenho taquicardia.

Agora, lá vai eu. Mudar. Porra de mudança. Eu até gostava de mudança, mas ela aparece tanto na minha vida que enjoei dela.


segunda-feira, 10 de outubro de 2011

dos encontros


Era aquela parada na rodoviária de Cuiabá. Ela era de um extremo do país, ele de outro. Tinham algumas horas até cada um seguir viagem à seus respectivos destinos. Mas a pouca conversa, já no fim da jornada de doze horas dentro de um ônibus lotado, fez com que se aproximassem.

Ele passou mal. "solavancos me dão náuseas". Ela tinha um comprimido qualquer na bolsa. Ajudou. E riram, durante toda o resto de trajeto.

- A que horas saí seu ônibus?
- Só daqui a dez horas. Ficarei aqui sem fazer nada.
- O meu saí daqui a onze. Ainda ficarei por uma hora sozinha.

E começaram. Conversaram sobre a vida, sobre o casamento dos pais. "Meu pai casou de pijamas", ela disse. "Os meus são conservadores demais. Casaram na igreja, com padre, vizinhos, familiares. Minha avó chorando, coisas do tipo", foi a resposta dele. Ela sentiu inveja. Às vezes, quase sempre, sentia vontade de ter pais normais.

E conversavam. A chuva ameaçou cair, tempo pesado. Mas ela quis passear. Ele também. Aquele lance de tomar banho de chuva que lava a alma. Como a alma dela precisava ser lavada! E ele nem sabia, mas a dele também estava suja.

Correram pela chuva como se fosse a coisa mais normal do mundo. As pessoas olhavam, assustadas. Algumas riam, já que era a tão estranho ver um casal seguindo de mãos dadas embaixo de toda aquela água. Sim, as mãos ficaram dadas. Nem perceberam quando isso aconteceu, mas parecia que suas mãos foram feitas uma para a outra.

"Você me faz rir", ela disse. "E você me faz chorar". "Por que?" "Por que eu não quero sair daqui. Por sua causa, por você." Ora, não deviam pensar naquilo agora. Que esperassem um pouco antes do desespero.

De cara souberam a vida um do outro. Ele, advogado formado. Viagem de negócios. Ela era sociológa, estudava religiões. Eram tão diferentes e tão iguais ao mesmo tempo que assustava. Tudo nele assustava. Tudo nela assustava.

O tempo passou, mas as mãos não se largaram. Em dez horas estavam apaixonados. Sabiam que se continuassem ali por mais três minutos, três horas, melhor pensando, estariam grudados pra sempre. Como uma canção de blues que não se acaba. Como se pudessem fugir para algum lugar e casar, largando tudo, fazendo os pais do garoto cairem de susto e os pais dela morrerem de rir.

A chuva parou. Sentaram em um banco. E um jovem com um saxofone começou a tocar As time goes by. "É minha música favorita", ele disse. Ela sabia, de alguma forma, que ele ia fazer esse comentário, porque também era a música favorita dela. A música que embalou várias noites de insônia enquanto ela imaginava alguém em um bar qualquer.

Faltava meia hora. Maldita meia hora. Ela não segurou o choro, nem ele. Parecia que tinham vivido um século juntos, e que a hora da separação não iria chegar. Como quando vivemos ao lado de alguém por tanto tempo que não imaginamos que ela vai morrer. E as pessoas, ah, essas sempre morrem, mesmo quando estão vivas.

Ela o viu entrar no ônibus. Chorou. Ele chorou. As mãos grudadas pelo vidro. "Não te esquecerei". Por quê? "porque você me marcou".

Certas pessoas aparecem nas nossas vidas por apenas um dia. E é o suficiente. São pessoas tão marcantes que não precisam mais que isso para fixarem seu pedaço de consciência em nossas memórias. São pessoas tão bonitas que você tem certeza que vai contar aos seus netos do momento que as conheceu. E é ruim quando acontece isso. Talvez bom, mas sempre ruim.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

do rock in rio

Eu fui! Invejem, se matem, se estapeiem. Digam que foi Pop in Rio, mas o Rock in Rio sempre foi considerado diverso. E como foi bacana. Os móveis arrasaram, a Shakira arrasou, a Katy Perry Arrasou. Eu arrasei. A vizinha arrasou. Os mineiros arrasaram. Todo mundo arrasou!

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

da crônica de um amor louco


Terminei de ler Crônica de um amor louco. Foi o livro mais engraçado, empolgante, que me fez ler à luz de velas quando a Eletroacre resolveu dar o ar da graça, deixando sem energia elétrica o conjunto onde moro por cinco horas. CINCO MALDITAS HORAS! Mas não é disso que falo.

Achei o primeiro volume da obra Ereções, Ejaculações e Exibicionismos bem melhor que o segundo. Sim, eu e essa mania de ler o segundo antes do primeiro. Bukowski me domina. Velho tarado dos infernos. Ele devia ser uma loucura. Estar com ele devia ser um loucura. Dizendo que, tipo, carteiro, filho da puta, não tinha onde cair morto - vivo, morto a gente cai em qualquer lugar - e punheteiro de uma figa.

Adoro o jeito simples e direto que ele escreve. E vamos rir. Identifiquei-me, de cara, com a primeira crônica. A da índia. Só que eu não me chamo Cass nem - de longe - sou a mulher mais bonita da cidade. Mas deixa eu me identificar com quem eu quiser porque eu fico feliz.

E já que to curtindo essa onda beat da literatura, vou ler On the road. E fiquem calados, o pessoal aí de casa, porque eu quero ler.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

É difícil quando as coisas tomam rumos que a gente não domina. Como quando você pensa que tem as rédeas do cavalo da vida e, de repente, ela perde os prumos. O cavalo desembesta pro meio do mato e você acaba se arranhando toda. Isso quando não cai. Cair é uma merda. Ou pior, cair em uma merda.

E o risco é grande. Ultimamente descobri que olho grande é algo assustador. Às vezes as pessoas que te rodeiam estão tão carregadas, ou tão mal-amadas, que não conseguem sentir felicidade na sua felicidade. Isso é comum. Ou elas sentem raiva de você por alguma característica que lhe é sua, ou por algo que você tem. Dizem que as crianças, logo que nascem, ficam doentes quando mulheres olham pra elas com o desejo de tê-las. Quebranto, eu acho que é o nome. Não me interessa agora, mas me assusta.

Nessas horas a gente tem que segurar na balança da vida e não cair. Tentar não cair. É um lance muito esquisito. Você tem amigos bons, você tem família, mas parece que ainda tem algo por vir que não completa. Não, minha gente, não quero ter filhos (mateus, não se preocupe). Quero algo. Quero lembranças boas. Quero fazer lembranças boas.

Vai entender essa mente

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

das peças que a vida prega


Estavam tranquilos. Ouviam AC/DC e ela remexia os cabelos ao som de Back in Black. Apesar do cabelo comprido dele, ela sabia que ele não gostava de rock. MPB, que coisa estranha pra se gostar quando se tem cabelos compridos! Mas respeitava, e até curtia as caras e bocas que ela fazia enquanto cantava.

Ela está dez quilos mais gorda. Ele está só cinco, mas ainda é bonito. Ela nem tanto, ele sim. E ela tava naquela incerteza que dá quando se está acima do peso. Estou feia. Não, está linda! Eu vou sempre te achar linda.

Por que você tá comigo? Você deve está pensando que essa pergunta foi feita por ela, mas errou. Foi feita por ele. Desprevinida, ela respondeu. Eu me amo mais quando estou com você. Era uma frase batida que algum garoto qualquer disse uma vez a ela, quando ela a perguntou o que era amor.

Intimamente, a garota relembrou o início, quando havia perguntado se ele era apaixonado por ela. Mas o que é paixão? Que porra é essa? É pensar o tempo todo na pessoa? É lembrar de quando se conheceram? É rir das bobagens? Isso é paixão? Então, assumo, estou apaixonado.
Ela gostara da quase grosseria da resposta. Achou bonito. Ao contrário das palavras difíceis, das citações de mestres da filosofia, de grandes autores de nomes difíceis. A alma dele deixou-se responder. E foi a resposta mais grosseira e sincera que já recebeu.

Ela relembrou também das dúvidas. Quando valorizava os conhecimentos acadêmicos aos empíricos. Em tão pouco tempo ela percebeu uma diferença tão imensa nela, e nele. Nele, principalmente nele. Ele já consegue dizer que ama. Ao invés de dizer "que porra é essa?".

Essa porra é amor! E quando eu estou com os olhos que riem, e quando os olhos que riem estão com a índia, a porra do amor é visível.

PS: O amor sempre acaba em porra, mesmo, né?

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

das coincidências

Hoje foi um dia de coincidências. Conto isso porque, há 15 anos atrás, meu meio-irmão foi noivo. Minha mãe não aprovava e todo o resto, ele tinha 18 anos e como eu não me dou muito bem com ele, nem fiz questão de saber de sua vida passada. Só lembrava que ele tinha tido uma noiva porque no dia de Natal ele passou a noite com ela e minha mãe quase endoidou. Minha mãe tem esse dom...

Daí uma conhecida (até então conhecida) disse que ia pro rock in rio comigo. E disse que ia ficar num albergue perto do morro do Vidigal. Nada contra. Mas pra uma acreana que nunca saiu daqui direito, ficar no Rio de Janeiro, longe da cidade do rock, sozinha é loucura. E eu não tinha com quem ir no dia do Metal. Imaginava a cena de uma índia pairando em cima de uma nuvem de gente de cabelos compridos. Então, essa minha conhecida ia nesse dia. Olha, duas acreanas sozinhas numa nuvem de gente de cabelos compridos é melhor que uma sozinha em cada canto.

Aí eu falei com a minha prima, pessoa que vai me salvar me acolhendo nesse Rock In Rio, dizendo dessa minha amiga. Inventei que nós eramos amigas de infância. Fui falar dela com minha mãe e só sabia o nome e sobrenome. Por coincidência, sabia onde ela morava. Mora no Aviário, mãe. Qual é o nome dos pais dela? Ah.. erg... *anne visita secretamente o facebook* A avó se chama fulana. AH, A FULANA. Meu irmão logo se pronuncia. Essa menina é minha filha!

A filha da mulher que foi noiva do meu irmão chama ele de pai até hoje. Só descobrimos agora. Cabou que a prima que vai me acolher é prima dela também! E ainda dizem que o Acre não é um ovo. Eu acredito. O Acre é só o cu do pinto do ovo, minha gente! E descobrimos que vamos no mesmo dia, e voltaremos no mesmo dia, vamos pro mesmo aeroporto! Quer dizer. O Acre é a bactéria do cu do pinto

então, minha gente, tenho com quem ir no dia do Metal do R i R. Fiquem tranquilos porque duas cabeças pensam melhor do que uma... E vamos levar a bandeirinha do Acre.

do inferno astral


Olha, se tem uma coisa que eu tenho absoluta certeza é que existe esse tal inferno astral. E se tem uma pessoa ao seu lado próxima a fazer aniversário, cuidado! Porque inferno astral, pega!

Inferno astral seria o mês anterior ao seu aniversário onde tudo o que tinha pra dar errado, coleguinhas, vai dar. Quando aquela máxima de que o que tá ruim pode piorar, de fato, acontece. E eu tô no inferno astral por osmose.

É urucubaca que não tem fim. Sabe aquele dinheiro que você tinha contado? O banco "come" sem explicação. Sabe aquela briga sem motivo, que envolve sua mãe, sua tia, sua irmã, sua vizinha, a empregada e, por tabela, a vizinha da empregada? Pois sim, ela vai acontecer. Fique atento.

Falo isso porque sou uma das pessoas que sofrem com as outras. Tudo o que tinha pra dar errado pra alguém próximo a você, vai dar errado com você também.

Mas (sempre o mas), se você está passando pela mesma situação que eu no atual momento, não se desespere. Não, não adianta saltar do meio-fio à espera de que o suicídio aconteça. Papel higiênico também não é a melhor dica para se matar. Acredite que, se você também está vivendo o irferno astral por tabela, é porque você está ligado de tal forma a alguém que vocês se tornaram uma, olha que lindo!

Mentira! Você tá nessa pendenga porque merece mesmo. Ora porra de ligação com outra pessoa!

terça-feira, 13 de setembro de 2011

das recordações


ela pensava de quando em quando no que tinham passado. desde o começo ao fim. fim, sempre o fim. aquele que a gente nunca espera, mas que sempre chega.

ela lembrou daquela vez que eles cantaram "um elefante incomoda muita gente" até o número 50. de quando fez tanto frio na cidade que eles brincavam de soltar fumaça. "-é uma reação entre o ar quente e o ar frio". "-eu sei, sandoval, eu sei!". Ele sempre pensava que era mais inteligente que ela. e ela acreditava.

teve aquela vez que eles foram ao velório da vizinha dela. "-eleanor, nosso primeiro evento social é um velório" e riram na frente dos outros.

depois de tanto relembrar, ela percebeu que não sentia saudade de nada... pela primeira vez, fez questão de rir. agradecia a presença que ele teve, mas agora, agora já não era nada. e ser nada às vezes é tudo

terça-feira, 6 de setembro de 2011

do idiota

tenho me entregado de forma quase sexual ao livro do Dosta. Idiota. Sim, só o título do livro descreve como me sinto nos últimos dias. claro que os olhos rasgados têm melhorado significativamente minha existência, mas Idiota ainda é um dos adjetivos que me definem no atual momento.

penso que às vezes confiamos demais, e confiança demais, assim como qualquer coisa "demais", é prejudicial. é prejudicial quando você confia muito de suas lembranças a alguém, é prejudicial quando você acredita em eternidade. tudo é prejudicial.

no mais, é como diz a senhora minha mãe (que Deus sabe que tem me tirado um pouco a paciência nos últimos dias), não Anne, ninguém é amigo de ninguém. inclusive eu.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

da humildade


eu e os cabelos loiros conversamos ontem. legal saber que alguém visita meu blog e imprime as coisas que eu falo. espero que imprima isso também.

nós sempre erramos. não adianta. ninguém é impassível de erros. eu erro, você erra, sua mãe erra e, acredite se quiser, sua vozinha de noventa anos já errou um dia (agora ela não erra mais porque ela já tem mais conhecimento da vida), por falar em avós, Deus sabe como a minha errou, mas isso não vem ao caso.

é interessante ver os erros que cometemos. quero dizer, é interessante quando nós nos damos conta que erramos e assumimos isso. o ser humano tem a tendência de se achar superior. sério! eu não erro, só você que erra. não é assim que você pensa na maioria das vezes?

saber pedir desculpas é difícil, mas é uma dádiva. dizer que sabe o quanto errou, que oi? desculpa por ter publicado uma coisa, ok, desculpa por ter falado aquilo; é muito ruim. há quem diga que é um sentimento de derrota. eu não acho. cada vez que erro, eu percebo o quanto sou humana, o quanto preciso de uma auto-avaliação, o quanto sou, afinal de contas, normal.

não ser normal, pelo menos na minha concepção, é não errar. apesar de tentar ser, não consigo ser Jesus Cristo. Ele não errou, eu erro e ponto final. mas, é como conversamos ontem, cabelos loiros, o importante é não perder o respeito. eu perdi o respeito, você perdeu o respeito. e quando nós perdemos o respeito, aí velho, já era. se alguém tinha razão, ela já caiu por terra.

no mais, termino com uma frase de um livro do Dostoiévski (sim, olhos amendoados, ele é o cara! obrigada por me apresentá-lo) "Não deve nunca interpretar as coisas parcialmente e tampouco julgar a alma de um homem (...). A gente sempre, em lugar de só querer ver a verdade exata com intuito de julgar direito, acaba mais é cometendo injustiças por falta de ternura e caridade".

Sentiu essa. No mais, digo que sigamos com respeito, que não o perdamos. ele é importante, sério. sem picuinhas, sem fofocas, não estamos mais na terceira série. me perdoe. eu te perdôo.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

do suicídio


a palavra causa medo. e é de causar mesmo. mas, atirem as pedras se quiserem, sempre achei que o suicídio é a unção de duas extremidades: a covardia e a coragem. sim, coragem.

você com certeza já pensou na idéia. sempre que temos um problema, pensamos em como seria se, afinal de contas, déssemos um fim em tudo, de uma vez, sem pensar em família, sem pensar no amanhã, só em dar um fim. covardia não enfrentar os problemas.

mas, e quanto a matar a pessoa mais importante da sua vida? você mata, de fato, a única pessoa que o interessa. nós nunca amamos ninguém mais do que a nós mesmos. é verdade. mesmo quando dizem que "ah, você tem que se amar, não corra mais atrás de tal pessoa", você está, na verdade, fazendo algo por você. correr atrás de uma pessoa não significa que você a ama mais do que a você mesmo, significa que você se sente tão bem com aquele indíviduo que não quer que ele suma da sua vida. No final, você se ama.

matar a única pessoa que importa na sua vida é um ato de coragem. de desespero também, mas principalmente de coragem. depois do episódio, olho para as pessoas ao meu redor e me pergunto se elas seriam corajosas a esse ponto. ou covardes a esse ponto.




sábado, 27 de agosto de 2011

ainda dos olhos

ao fundo coldplay. yellow. estava por cima dele, como se estivessem fazendo amor, de fato. mas era diferente. não havia penetrações, nem gemidos. era amor com os olhos. ele tinha esse poder sobre ela. os olhos dele mandavam nela.

ela encarava aqueles olhos rasgados. era uma mistura nipônica com saxônicos. ela não sabia. mas eram lindos, como eram lindos!

você não sabe como é linda, índia. era o que ela ouvia. e ela sabia que não era assim tão bela, nunca fora tão bela. no máximo lia alguns livros a mais que a média, dançava bem, se expressava bem, mas bonita, bonita de fato, não era. eu sei que não sou, mas gosto quando você mente dizendo que sou

mas os olhos dele eram machadianos, eram a janela da alma. refletiam o que ele pensava. e ela conseguia perceber que, de fato, ele a achava linda! e ela se sentia linda. como se fosse a mulher mais linda do mundo, como se não tivesse aquela cicatriz feia na bochecha e como se nunca tivesse passado por nenhuma crise de pânico que lhe fizera cortar as pernas. era linda!

Your skin
Oh yeah, your skin and bones,
Turn into something beautiful,
Do you know?
You know I love you so,
You know I love you so



do recalque

olha, não sei muito o que tá rolando naquela sala. sala estranha, incompreensiva, de pessoas estranhas e pensamentos estranhos.

estive pensando, ultimamente, que algumas pessoas têm tanta raiva de si mesmo que têm a necessidade de transferir esse sentimento a alguém. seja aquele que tenta fazer graça, seja aquele que não está tão gordo quanto pensa, seja aquele que tenta se aproximar.

um conselho que eu dou a alguns de vocês, se é que me entendem, é que não tenham palavras ruins na boca. se tem uma coisa que aprendi com o espiritismo é que as palavras que você solta têm um peso. ok, quem sou eu pra falar de rancor, ou algo do tipo, mas não fale mal dos outros apenas pela vontade de falar mal dos outros. tenha pelo menos um motivo. inteligente, conciso.

saiba pedir desculpas por aquilo que você sabe que cometeu de errado. reavalie sua vida, seus pensamentos. que loucura é essa de pensar que as pessoas têm de odiar as outras? que loucura é essa de você tentar fazer alguém odiar outra pessoa pelo simples fato de fazer com que uma pessoa se sinta sozinha? que raio de cristianismo é esse que tem na sua cabeça loira pintada que não te deixar perceber que o que você tá fazendo é baixo? é mesquinho?

ao contrário de muitas pessoas, não sou a favor do ligar o foda-se. gosto de conversar, de discutir. de saber o que há de errado. mas parece que, infelizmente, eu sou a única que tem essa questão.

falar mal só por falar mal não é bacana. se você sente recalque, pinte seu cabelo de preto e puxe seus olhos.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Da mediocridade

Nunca fora um bom filho. Quando o pai morreu, estavam brigados. Por ser mais escuro que os familiares, achava que a mãe traíra o pai, ou que era adotado. Não aceitava suas feições, não aceitava sua família. Não aceitava nada.

Tornou-se um bom profissional. Afinal de contas, quem não tem muito amor no coração tem que pensar em outras coisas que não sejam do coração. Tornou-se um bom engenheiro. Florestal. Gostava de florestas. Talvez por sua ascendência indígena sentia proximidade mais com as plantas que com pessoas.

Até que um dia apaixonou-se. A mulher era dois anos mais velha, mas não importava. Era ela que ele queria, com ela teria seu filho. Ele sempre quis um filho, um garotinho, para brincar de futebol e dizer aos outros que era seu. Apesar dos problemas com seus próprios pais, ele acreditava que seria um bom pai.

Não veio um menino, e sim, uma garotinha, que muito se parecia com ele. “Pelo menos eu posso saber que é minha”, disse ele, irritado. Teve de aprender a gostar de coisas de garotas, de cores femininas.

“Meu Deus, ela já menstruou?”, foi o que pensou quando sua mulher lhe trouxera a notícia de que, afinal, a menininha virou uma mulher. E a filha já trazia traços de mulher. “Mas o que fiz, Deus? Mal me acostumei a brincar com ela”. O tempo passara e ele nem percebera.

Até que um dia ele descobriu que não amava mais a família. Amava uma garota que quase tinha a idade de sua filha. Por mais que a menina implorasse sua compaixão pela família, que pelo amor de Deus, ele ficasse em casa “eu ficarei sozinha, pai, não me deixe sozinha”, ele não se compadeceu. “não, não os amo mais. Nunca quis ter uma filha mesmo, sua mãe não prestou nem para me dar um homem”.

Saiu de casa. Viveu três meses de muito prazer, muitos sentimentos libidinosos, muitas aventuras sexuais. A nova mulher não tinha lá muito escrúpulos e, assim que pôde, ligou para a filha do homem para que ela pudesse ouvi-los durante o ato. A filha se matou logo em seguida.

“A culpa foi minha”, pensou . Não havia mais o que fazer. Ele percebeu o quanto amara aquela criaturinha que nunca foi o que ele queria. A depressão lhe viera logo em seguida, como um corvo que procura destruir plantações. E a nova mulher partiu. Ele estava só, apenas com seus pensamentos. Veio-lhe à lembrança todas as vezes que brigara com seu próprio pai sem motivo algum, quando acusava a mãe de trair a família. Quando dissera “não” à sua pequena filha. Quando abandonara a família. “Não passo de um idiota”.

E viveu assim, durante o resto de sua vida. Quase que celebrava sua mediocridade. De quando em quando fazia um amigo. Até que um dia, um dia que mudaria sua vida, um velho senhor sentou à mesa do bar em que bebia o segundo copo de destilado e disse-lhe: “é meu, caro, quem semeia ventos colhe tempestade”. Não conhecia o velho, mas conhecia o ditado, e pensou que ele nunca fora tão bem colocado.

E então, sem mais nada pela frente, ele pensou: “Talvez um dia as pessoas me perdoem, talvez um dia eu me perdoe”.

E foi assim, tão sem ideias, que ele morreu.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

do recomeço


recomecei. novas e velhas pessoas voltam à tona em minha vida, fazendo-me rir, chorar, brincar. os olhos que riem ainda estão ao meu lado. e isso é o que importa.

não, eu não voltei com tudo, nem gosto dessa frase. é chata é clichê, e de clichês já bastam os que têm na nossa vida.

o recomeço dá uma idéia de... oi? recomeço. bom saber que o mundo te dá esse direito. de simplesmente fingir que certas coisas não aconteceram, que foi um sonho ruim que acabou. acordei. acordamos.

inteligente essa coisa de acordar de uma vida que você já está acordada, né?

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

das mãos


É bom ver certas coisas. é bom rever, é bom abraçar. como quando um abraço é um recomeço, como quando a piada velha faz você rir como se fosse inventada há pouco. como quando a briga deixa o meu queixo tremendo, pra depois você dizer, vem cá, índia, me dá um beijo.

FACULDADES, LIVROS DE AUTORES DE NOMES COMPLICADOS OU PALAVRAS DIFÍCEIS não são tudo! viver, saber viver, sozinho ou com alguém são os verdadeiros diplomas. pouco importa o quão qualificado seja ou se vai salvar vidas. há um quê de egoísmo no que falo, o importante é que salve a minha vida.

há um tempo em que me importava em estar ao lado de pessoas que sabiam conversar, quando percebi que a melhor conversa é aquela que não precisa falar nada. a conversa dos olhos, principalmente dos olhos que riem. a boca não precisa rir, os olhos sim.

não precisa de muita coisa, nem de muitos diplomas, nem de muitos cursos. precisa apenas que suas mãos combinem com as minhas.



domingo, 21 de agosto de 2011

sobre nomes bíblicos

Nomes bíblicos sempre fizeram parte da minha vida. minha mãe tem nome bíblico, minha avó tem nome bíblico, meus dois pais têm nomes bíblicos.

mas nunca, nunca um nome bíblico me botou tão pra cima quanto o nome bíblico que tá comigo, ao meu lado, agora.

nunca, nunca desmerecerei o nome bíblico anterior. ele estará, para sempre, em meu coração, em minha vida, em minha memória, e no que sou hoje; mas o nome bíblico que me acompanha hoje, me chamando de "índia" em todos os cantos, pra todo mundo ouvir, têm me feito tão bem que não tem como eu não falar dele nesse post.

são marias, germanos, tiagos, josés, andrés, lucas's, e mateus's que sempre estarão na minha vida.

obrigada, nomes bíblicos

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Sobre mudanças

Certa vez eu comentei, cá com meus botões, que muita coisa muda em quinze dias. Muda mesmo. Sentimentos mudam, pessoas mudam, cabeças mudam. Aquela depilação que ficou perfeita já não está assim tão boa... Enfim, as coisas fluem.

De um mês pra cá venho pensado insistentemente na minha vida, em como ela estava, em como está agora, e talvez em como ficará. Veja bem, cometi erros graves, mas não sou a única culpada na história ridícula da minha vida.

Fato é que, de um mês pra cá, tudo mudou. Meu cabelo está maior, meu peso está maior, meus pensamentos estão mais adultos, talvez... ou não.

No próximo capítulo talvez eu tenha algo mais interessante a discorrer. Por ora, tá tudo uma bosta.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

sobre tudo II

Faz muito desde a última postagem. Faz muito desde muita coisa. Não sei como que as coisas estão em minha vida ultimamente, mas sei que tudo está muito mudado. Principalmente em mim.
Imagine só que eu pensei que iria me acabar, como foi todas as outras vezes, como sempre é, como sempre foi. não é mais assim, não sei porque. embora a dor exista, ela se mantém, pelo menos até agora, adormecido, quieta em seu canto, como se fosse despertar a qualquer hora, mas ainda num sonolento estágio avançado causado por uma pílula de rivotril.
não sei muito bem o que esperar, ou se devo esperar algo. só quero seguir em frente. acho que já estou seguindo em frente, seguir em frente às vezes é bom. aproveite a vida, minha filha, você é nova, não faça como eu. foi o que disse minha mãe.

pela primeira vez em minha vou seguir o conselho de mamãe. ela é meio maluca, mas vou tentar.

segunda-feira, 21 de março de 2011

sobre tudo

Estive pensando nos desafios que estou tendo ultimamente. Pense bem, ballet, ser professora, aprendiz de jornalista, estudante, tudo isso é muito difícil. Unir isso tudo a uma só pessoa é extremamente cansativo e ainda não me acostumei.

Tenho pensado em várias coisas ultimamente, e ao mesmo tempo. Tudo se passa e parece que eu não consigo fazer nada. E de alguma forma, as coisas têm me deixado extremamente nervosa.

Nos últimos tempos, conheci pessoas que mudaram minha vida, de certa forma. Adaptações são difíceis e ainda estou me acostumando a companhia dessas pessoas, ou até me acostumando ao fato de elas darem, enfim, palpite a minha vida.

Palpitar é muito difícil. A gente sempre pensa que a vida dos outros é mais fácil de ser analisada e sempre temos uma opinião para dar.

Sigo, assim, dando opiniões

quinta-feira, 17 de março de 2011

da mudança

Eu sempre acreditei que mudar é algo constante. Ou que ninguém muda. O que quero dizer é que já temos, desde a infância, o caráter que teremos ao amadurecer, mas nós crescemos. Não, naõ, mudamos o modo de pensar, sempre, sempre pensaremos do mesmo jeito, mudamos apenas o modo de agir.
Enfim, mudanças. O papo é mudança. Nós não mudamos, mas o mundo muda, as coisas mudam, temos que nos adaptar às mudanças, e isso é difícil. E o espantoso, o quase maravilhoso, é que tudo muda em pouco tempo. Duas semanas são suficiente, duas horas são suficientes, dois minutos são suficientes
E o que muda? Tudo, o difícil é a adaptação. Adaptar é um saco. As pessoas confundem adaptação com mudança e olha, nos últimos dias percebi que isso não é a mesma coisa. Nos adaptamos, nos diferenciamos, mas nunca, nunca mudamos.
Toda essa história chega até a ser uma frase clichê daquela série que todos assistem (inclusive eu) House MD. People don't change.
Você nasceu mentindo? Morrerá mentindo. Só que no final das contas, você mentirá de forma diferente, por motivos diferentes e até mesmo para que, no fim, tudo dê certo.
Mudanças não acontecem. São apenas adaptações. Já dizia Darwin, quem continua não é o mais forte, é quem consegue se adaptar.
Ando falando tudo isso porque estou numa fase de adaptações. Estou-me acostumando a ser adulta. É difícil. É difícil ser a mesma pessoa e se adaptar. É difícil perder meu lado infantil e terno quando necessito ser mais séria.

domingo, 20 de fevereiro de 2011


“Ele está chegando!”

A ansiedade era imensa. Desde criança imaginava esse encontro, embora soubesse, em seu íntimo, que a possibilidade de ele se realizar seria mínima. Mas, enfim, por alguma razão do destino, ela iria vê-lo.

O encontro com o ídolo seria ao meio dia. Meio dia? Sim, meio-dia. Ela iria busca-lo no aeroporto. “-Cheguei ao cúmulo! Essas fãs que ficam esperando e gritando pelo cantor preferido no aeroporto são ridículas”. E no final das contas, ria de si mesma. “-Cá estou eu, ridicularizando a mim mesma.”

Não se importava. Iria ver a pessoa que cantava seus sentimentos desde a infância. E, mesmo imaginando todas as palavras que poderia falar ao ídolo, mesmo ensaiando o que diria se tivesse a possibilidade de encontra-lo, não sabia o que falar. Era apenas mais uma fã enlouquecida pela chance de vê-lo de perto.

Ele chegava. “-engordou alguns quilos, mas ainda é bonito!”, foi o que ela pensou à primeira vista. Decidiu não gritar como os outros fãs faziam. “-Sei que ele não gosta de fãs assim, ele é quieto!”. Ficou encolhida, esperando os repórteres saírem de perto. “-talvez eu tenha a chance de falar-lhe algo!”

Os jornalistas fizeram sua pequena entrevista, e ela esperava. Quando o ídolo ia sentar para, finalmente, almoçar, decidiu. Decidiu não, foi empurrada! Por sorte, o fotógrafo oficial do jornal era seu amigo. “-Vá lá, realize seu sonho!”, foi o que ela ouviu. E, na sorte, e digamos que até na malandragem, foi atrás.

“-Posso tirar uma foto com você?”, disse ela, timidamente. “-Claro!”, respondeu o cantor, puxando a fã para dar os dois beijinhos no rosto de cumprimento. Ao sentir pousar a mão dele em seu ombro, ela pensou que desmaiaria. “Por favor, não vomite agora!”.

Foto tirada. Ela acrescentou: “-faça um bom show, amanhã!”. O ídolo respondeu: “Sim, obrigado Espero por você lá!”

No final das contas, ela sabia que ele não iria mais lembrar as feições dela. Mas ela recordaria aquele momento como um dos mais especiais de sua vida. Conquistar os menores sonhos, aqueles que poderiam até ser considerados bobos, é apenas o primeiro degrau que nos dá apoio para conquistar os maiores.

“Esse foi apenas o primeiro!”, pensou ela, fortalecida.


**texto feito sobre o meu encontro com Andre Matos